A X Missão Solidária realizou-se na última quinzena de Julho, tempo de chuvas e de muita humidade, que nos dá a conhecer uma Guiné luxuriante matizada de diversos tons verdes onde se preparam os campos de arroz para a semeia, se fecha a campanha do caju e as mangas já são raras nas árvores e no mercado de rua.
Esta Missão tinha como principal objetivo preparar a construção da nova Escola no Quelelé mas a Guiné reserva-nos sempre surpresas e lá ficámos nós apaixonadas por mais um cantinho deste país, desta vez a Ilha de Pecixe.
Por uma questão de sistematização, este relatório ser-vos-á apresentado por projetos, ficando desta vez a faltar a Creche de Varela, no Norte da Guiné- Bissau, pelo facto de ter encerrado para férias e o acesso para Varela ser extremamente difícil durante a época das chuvas.
Escola Lassana Cassamá - Bairro do Quelelé
Logo à chegada a Bissau reunimos com o responsável pedagógico da Escola, o professor Mustafá e o Diretor, Vençan, para preparar a construção do novo espaço que vai albergar cerca de 300 crianças. Contou-nos o Mustafá que no momento em que os pais do Quelelé tomaram conhecimento que a ONG Afectos com Letras estava empenhada em apoiar as crianças do Bairro a frequentar a escola houve uma procura massiva aquando das matrículas, com pais a querer tirar as crianças de outras escolinhas para as matricular aqui. Uma honra, sem dúvida, mas aumenta em muito a responsabilidade de conseguir corresponder às expectativas de miúdos e graúdos que contam connosco para o seu futuro.
Reunião com a Direção da Escola
A Escola atual
Recebemos a boa notícia que o Vençâ, diretor da escola, oferece o terreno para a construção e o vizinho do lado cede uma parte do seu terreno para a construção das latrinas. Na reunião com os encarregados de educação apresentámos o nosso projeto, acolhido com muito entusiasmo e recorrentes agradecimentos e pedimos-lhe apoio.
Imediatamente um pai se disponibilizou para fazer blocos e para coordenar e esquematizar com os restantes a lista de competências de cada um deles. Há carpinteiros, eletricistas, mestre-de-obras, enfim, um pouco de tudo o que será essencial para concretizar este trabalho com sentido de responsabilidade e de pertença da própria comunidade. Uma mãe pediu a palavra para dizer que embora não saiba fazer blocos se disponibiliza para trazer diariamente água aos trabalhadores e, até, fazer o almoço que sugerimos oferecer aos voluntários que queiram ajudar na obra.
Reunião com mães e pais do Bairro do Quelelé
Visita ao terreno doado para construção da Escola
Reunião com mães e pais do Bairro do Quelelé
Reunião com mães e pais do Bairro do Quelelé
Escola de Djoló - Bairro de São Paulo
As nossas crianças de Djoló começaram agora as férias mas, antes de partir brindaram-nos com uma festinha de despedida e o juramento daqueles que, após três anos de convivência, nos deixam para seguir os estudos. Neste dia contámos com a presença do Alto Representante do Secretário-Geral das Nações Unidas para a Guiné-Bissau e Nobel da Paz, José Ramos-Horta, que veio conhecer as instalações da Escola e assistir a um sentido cantar do Hino Nacional pelas 125 crianças ali presentes.
Foi uma festa bonita com representação de uma pequena peça infantil, cantigas, danças e, claro, um animado lanchinho. No fim, os habituais abraços e carinhos que só eles sabem dar e a promessa do regresso em Outubro para mais um ano.
Hino Nacional cantado pelas crianças
Hino Nacional cantado pelas crianças
A Júlia, funcionária da escola e a Irmã Inês, Diretora da Escola
Entrega de presentes pelas crianças ao dr. Ramos Horta
Visita do Dr. Ramos-Horta à Escola de Djoló
Visita do Dr. Ramos-Horta à Escola de Djoló
A Biblioteca Afectos com Letras em Bissau
A Biblioteca
conta atualmente com quase 800 leitores que, mesmo em tempo de
chuva e de muito calor, não se coíbem de ali passar o dia a consultar livros e a
estudar.
Este nosso
espaço foi igualmente visitado pelo Alto Representante do Secretário-Geral das
Nações Unidas para a Guiné
Bissau e Nobel da Paz, José Ramos-Horta que nos felicitou pelo trabalho
realizado e por promovermos a língua
portuguesa e a cultura lusófona na Guiné-Bissau.
Visita do Dr José Ramos-Horta à nossa Biblioteca em Bissau
O Samuel, o nosso funcionário
A Ilha de Pecixe e a Associação Pilil Alil, nossa parceira
Durante os preparativos para a Missão Solidária e num contacto com
a nossa Embaixada de Portugal na Guiné-Bissau, fomos informadas da
existência de uma Associação numa ilha remota que solicitava apoio para a
construção de uma biblioteca, para reciclagem de professores e em tudo o que
fosse possível ajudar no âmbito da educação.
Logo à nossa chegada
a Bissau reunimos com elementos da direção que nos apresentaram os elementos
factuais e estatísticos sobre a Ilha e as suas carências convidando-nos
para uma visita ao terreno.
Com uma saída bem cedo e com direito a croissants quentinhos
comprados numa pastelaria senegalesa do centro da cidade, lá partimos em
direção a Canchungo onde nos esperava um apetitoso café
libanês em casa de familiares do Mário Saiegh,
natural de Pecixe e o nosso guia nesta visita a par do
Júlio Pinto Alves, presidente da Associação Pilil Alil.
Para se chegar à Ilha, temos uma hora de estrada boa e uma hora de
picada quase submersa nestes tempos de chuva que culmina numa viagem de piroga
de cerca de 15 minutos. As paisagens são de cortar a respiração, com macacos a
fazer travessuras à passagem do carro e um mar que dança suavemente ao sabor do
vento.
Na outra margem espera-nos uma camioneta de caixa aberta e gente acolhedora que nem quando atolamos
nos quer deixar sair do carro para ajudar. Afinal de contas, nós já estamos habituadas! É gente muito simpática, com um sorriso encantador e que, sem exceção chama pelo Mário quando o vê passar. Percebe-se que é muito respeitado e admirado pelos seus conterrâneos.
O dia vai ser marcado pela visita a várias escolas - se é que se podem chamar escolas – de primeiro ciclo, frequentadas por 1436 alunos em condições que nos impressionam e nos fazem sentir impotentes. Numa das escolas, à pergunta “quem passou de ano?”, há poucos braços no ar de resposta. Intrigados perguntamos ao professor porque chumbaram tantos e responde-nos que não chumbaram, apenas não receberam os resultados de final do ano letivo porque não pagaram os 10 euros anuais de frequência da escola. Deixamos aos professores e à Associação Pilil Alil a promessa de enviar no contentor de Dezembro material escolar, manuais e roupas para estas crianças.
A Ilha de Pecixe e a Associação Pilil Alil, nossa parceira
Durante os preparativos para a Missão Solidária e num contacto com
a nossa Embaixada de Portugal na Guiné-Bissau, fomos informadas da
existência de uma Associação numa ilha remota que solicitava apoio para a
construção de uma biblioteca, para reciclagem de professores e em tudo o que
fosse possível ajudar no âmbito da educação.
Logo à nossa chegada
a Bissau reunimos com elementos da direção que nos apresentaram os elementos
factuais e estatísticos sobre a Ilha e as suas carências convidando-nos
para uma visita ao terreno.
Com uma saída bem cedo e com direito a croissants quentinhos
comprados numa pastelaria senegalesa do centro da cidade, lá partimos em
direção a Canchungo onde nos esperava um apetitoso café
libanês em casa de familiares do Mário Saiegh,
natural de Pecixe e o nosso guia nesta visita a par do
Júlio Pinto Alves, presidente da Associação Pilil Alil.
Para se chegar à Ilha, temos uma hora de estrada boa e uma hora de
picada quase submersa nestes tempos de chuva que culmina numa viagem de piroga
de cerca de 15 minutos. As paisagens são de cortar a respiração, com macacos a
fazer travessuras à passagem do carro e um mar que dança suavemente ao sabor do
vento.
nos quer deixar sair do carro para ajudar. Afinal de contas, nós já estamos habituadas! É gente muito simpática, com um sorriso encantador e que, sem exceção chama pelo Mário quando o vê passar. Percebe-se que é muito respeitado e admirado pelos seus conterrâneos.
O dia vai ser marcado pela visita a várias escolas - se é que se podem chamar escolas – de primeiro ciclo, frequentadas por 1436 alunos em condições que nos impressionam e nos fazem sentir impotentes. Numa das escolas, à pergunta “quem passou de ano?”, há poucos braços no ar de resposta. Intrigados perguntamos ao professor porque chumbaram tantos e responde-nos que não chumbaram, apenas não receberam os resultados de final do ano letivo porque não pagaram os 10 euros anuais de frequência da escola. Deixamos aos professores e à Associação Pilil Alil a promessa de enviar no contentor de Dezembro material escolar, manuais e roupas para estas crianças.
Porto de Pecixe
Canchungo
Ponta da Pedra
Pecixe
Visita a uma escola de Pecixe
Visita a uma escola de Pecixe
No centro de saúde de Pecixe conhecemos os dois enfermeiros residentes e as instalações
onde tudo falta...
Deixamos 200 pares de luvas, alimentos vários e 300 kits de parto, resultado de uma
parceria com a Comissão Nacional de Luta contra a Sida Guineense.
Um painel solar alimenta o pequeno frigorífico
onde se acomoda uma pequena quantidade
de vacinas e, para além de um frasco de
Betadine, pouco mais encontramos na sala de
observação de doentes. É dramática
a situação destes habitantes de Pecixe que, em caso
de necessidade de cuidados
médicos, têm pela frente, no mínimo, uma hora e meia entre
barco e picada até
chegar a Canchungo, a cidade mais próxima com assistência médica.
Centro de Saúde de Pecixe
Entrega de bens em Pecixe
Sentamo-nos a conversar depois desta visita sobre a razão que ali nos levou: a construção de uma biblioteca para as gentes de Pecixe.
Disponibilizamo-nos
para apetrechar uma biblioteca com um fundo documental diversificado e
essencialmente infanto-juvenil e, da parte da Associação Pilil Alil,
recebemos a sugestão de instalar a Biblioteca na antiga igreja feita pelos
portugueses em Pecixe, o que muito nos honrou e prontamente
aceitámos.
Enquanto não é feita a Biblioteca, deixamos
uma Arca-Biblioteca com 175 livros que irão fazer as delícias das crianças!
Arca-Biblioteca oferecida à Ilha de Pecixe
Entrega da Arca-Biblioteca
Visita a uma Escola de Pecixe
Antiga Igreja Portuguesa, futura Biblioteca de Pecixe
Praia de Pecixe
De regresso a Bissau, parámos em casa do Régulo, entidade máxima da Ilha que, na companhia das suas três esposas e do Conselheiro nos recebeu simpaticamente e agradece o esforço e a vontade de ajudar as suas gentes.
Regresso de Piroga
Visita ao Régulo, entidade tradicional máxima da Ilha de Pecixe
Foi um dia muito rico em calor humano em beleza paisagística e em adeptos que muito agradecemos ao Mário e ao Júlio. Regressamos completamente rendidas a Pecixe.
Hospital Nacional Simão Mendes
Mais uma vez estivemos
no HNSM onde deixámos pinças e
tesouras para a ortopedia e os cuidados intensivos e entregámos pensos, luvas e
medicamentos para os doentes mais carenciados. Todo este material ficou ao
cuidado da ONG AIDA que se encarregará de os fazer chegar a quem realmente
necessita.
Entrega de medicamentos, luvas, tesouras e pinças para o HNSM
Dispensário da ONG AIDA
Notas finais
Esta nossa Missão Solidária salda-se em 12 dias de trabalho intenso mas positivo, da qual saímos ainda com mais sentido de responsabilidade a acompanhar o sentimento de missão cumprida com sucesso nos projetos em andamento.
O mérito é todo dos nossos parceiros, amigas e amigos, madrinhas e padrinhos que nos permitem levar os apoios a bom porto e a concretizar a obra no terreno.
É também de quem nos permite pernoitar gratuitamente nas suas excelentes instalações – o Hotel Coimbra em Bissau - e de quem tem paciência para nos apoiar nas pequenas chatices logísticas sempre com um sorriso na cara – a Nenita, o Victor, a Ana, o Neves ou o Júlio– o que é de louvar.
O nosso muito obrigada e um abraço cheio de Afectos com Letras!
Joana
Benzinho
Marta
Rosa