Em Abril de 2014, quando um grupo de 4 voluntárias esteve em Bissau a pintar recém-construída escola do Quelelé, fomos desviadas um dia pelo nosso amigo Vitor, Director da ONG AIDA na Guiné-Bissau, para ir visitar um projecto deles em Cambajú, composto por escolas e hortas comunitárias. A viagem foi longa e chegámos já era noite cerrada. A Tabanca estava toda concentrada num alpendre a ver um jogo do Real Madrid contra uma equipa qualquer inglesa e a torcer pelo Cristiano Ronaldo, pois naquela noite havia gerador e combustível para alegria de todos. Dormimos em casa do Régulo e de manhã bem cedo fomos conhecer os projectos no terreno. Terminávamos já a visita à região quando fomos apanhadas numa "simpática emboscada" que nos foi preparada pelo nosso amigo Victor. Depois de visitar as escolas já implementadas e as hortas a dar de comer a aldeias inteiras, chegámos a Maru Bagué, uma Tabanca Fula muito organizada e bonita apesar da sua extrema pobreza, onde fomos recebidas de braços abertos pela população. O primeiro ponto de paragem foi a escola, uma barraquinha de quirintim debaixo do mangueiro, frequentada por 108 alunos e com um único professor. Esta cabana, com bancos e mesas de cana, desaparece anualmente entre maio e fins de Outubro, cedendo ao peso das chuvas, ficando as crianças ficam em casa à espera que o tempo seco volte para poderem de novo estudar. Aqui, explicou-nos o Victor, não chegou ainda qualquer ajuda e pensaram em nós para tentar inverter aquele quadro com que nos deparámos, de uma escola sem condições mínimas para o ensino.
Reunimos depois com toda a população com quem conversámos demoradamente. Primeiro falou o chefe da aldeia, depois o professor, por fim a representante das mulheres. Ficámos a conhecer as dificuldades e a falta de esperança reinante na Tabanca, entre graúdos e miúdos. Foi-nos então pedida ajuda para concretizar o sonho da comunidade: construir uma escola com duas salas de aula que permita ter dois professores e 2 turmas a funcionar em simultâneo de manhã e de tarde. Uma tentativa de construir um futuro melhor para as meninas e os meninos de Maru Bagué. Em troca, prometeram deixar todas as meninas frequentarem a escola (o que nem sempre é evidente na região e no contexto desta etnia) e fazer uma cotização comunitária mensal para o pagamento dos salários dos professores.
Regressámos com a imagem da escola na memória e deixámos a promessa de tudo fazer para os ajudar a proporcionar um amanhã mais sorridente aos filhos desta Tabanca.
Dois anos passados, estamos em condições de cumprir a nossa palavra.
Dia 18 de maio, será lançada a primeira pedra da Escola de Maru Bagué, patrocinada pela Afectos com Letras.
Regressámos com a imagem da escola na memória e deixámos a promessa de tudo fazer para os ajudar a proporcionar um amanhã mais sorridente aos filhos desta Tabanca.
Dois anos passados, estamos em condições de cumprir a nossa palavra.
Dia 18 de maio, será lançada a primeira pedra da Escola de Maru Bagué, patrocinada pela Afectos com Letras.
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